Unemat é a única instituição de Mato Grosso a ter um nome entre os melhores na área de Ecologia e Evolução
“Não é fácil desenvolver pesquisa em um estado ainda periférico. Mas fica muito mais fácil, quando você é absolutamente apaixonada pelo que faz e está no estado de Mato Grosso”, Beatriz Schwantes Marimon
Por Danielle Tavares
27/04/2023

A professora e pesquisadora Drª. Beatriz Schwantes Marimon, da Universidade do Estado de Mato Grosso (Unemat), câmpus de Nova Xavantina, foi apontada entre as 100 melhores cientistas na área de Ecologia e Evolução do Brasil, de acordo com o ranking da Research.com. É a única representante de Mato Grosso a entrar na lista da Research.com, assumindo o 58º lugar em nível nacional e 4.004º, internacionalmente. Foram examinados mais de 11.774 estudiosos no mundo, com dados coletados em dezembro de 2022.
De acordo com ela, para um grupo de pesquisa se projetar atuando em um estado
ainda periférico em termos de produção científica, é necessário doar muito da
sua vida, trabalhar em equipe e ter paixão pelo que se faz. “A importância de
integrar esse ranking é enorme, pois estamos junto de nomes que são referências
nacionais e internacionais na área. Mas eu só cheguei lá porque tive a ajuda e
parceria de excelentes alunos, professores e pesquisadores brasileiros,
mato-grossenses e, também, parceiros internacionais”.
A Unemat foi a única Instituição de Mato Grosso a ter um nome na lista. “A
Unemat tem muitos professores competentes, altamente produtivos, trabalhando
com afinco e, muitas vezes, enfrentando dificuldades para pesquisar no interior
do Brasil. Então, de certa forma, é bom poder mostrar que, mesmo estando no
interior do interior do país, a gente consegue realizar as coisas”, avaliou a
professora Marimon.
Em entrevista, concedida por Beatriz Schwantes Marimon à equipe da Assessoria
de Comunicação da Unemat, ela fala sobre o reconhecimento da comunidade
internacional e avalia como é desenvolver pesquisa em Mato Grosso. Leia abaixo:
CIÊNCIA SE FAZ EM EQUIPE
Eu não conseguiria conquistar essa posição no ranking se eu estivesse sozinha, isolada e não gostasse de trabalhar com as pessoas, se não compartilhasse com elas o meu conhecimento e, também, aprendesse com elas. É impossível a gente fazer parte de uma lista assim, de tantas produções acadêmicas, fazendo pesquisa sozinha. Todos os que estão naquela lista trabalham em parceria com outras instituições e, principalmente, com outros pesquisadores.
Muito além do meu esforço pessoal, devo meu sucesso aos meus alunos,
ex-alunos, meus colegas, parceiros e amigos com quem eu trabalhei, trabalho e
ainda trabalharei.
Cada vez que a gente vai para uma floresta ou cerrado coletar dados, a gente aprende, passa por experiências novas, conversa com pessoas da comunidade.
Quando recebemos a visita de um pesquisador inglês ou americano em nosso laboratório ou quando visitamos as universidade deles, estamos aprendendo. Essa interação com pessoas, na minha opinião, é o segredo do sucesso de um bom pesquisador.

Em nosso laboratório temos uma regra inegociável: cada um ajuda e será ajudado. Cada aluno novo que entra no laboratório tem duas coisas a fazer: se dedicar para crescer intelectualmente e profissionalmente e ajudar o seu colega naquilo o que ele precisar. Se a pessoa entra com esse espírito começa logo a publicar e, muito rapidamente, alcança sucesso.
PAIXÃO PELA CIÊNCIA
Não é fácil desenvolver pesquisa em um estado ainda periférico. Mas fica muito mais fácil, quando você é absolutamente apaixonada pelo que faz e está no estado de Mato Grosso.
Eu acho que o que ajudou a nossa equipe a ter projeção foi exatamente essa
paixão, que foi “contaminando” todos. Eu não sou a única apaixonada por
pesquisa em nosso laboratório. Temos vários apaixonados e muitos ex-alunos
aprovados em concursos públicos, alunos fazendo doutorado sanduíche no exterior.
Recentemente, tínhamos até seis [acadêmicos], ao mesmo tempo, passando uma
temporada na Inglaterra.
Somos uma grande equipe de apaixonados pela biodiversidade, pela fauna e pela flora, principalmente, porque o nosso laboratório é da área de vegetação do estado de Mato Grosso.
ESTADO RICO POR NATUREZA
O grande valor que a Unemat tem, o seu grande trunfo, chama-se Mato Grosso. Somos o único estado da federação com três biomas: Amazônia, Cerrado e Pantanal. Somos os únicos com toda essa potencialidade ambiental, isso sem falar dos povos indígenas que aqui habitam. O estado tem uma incrível diversidade de biomas, de fauna, flora, e ainda cultural.
Assim, é mais fácil fazer pesquisa na área ambiental quando você é presenteado
com tudo isso e, basicamente, o que você tem que fazer é botar a mão na massa:
ir a campo, atuar e trabalhar, inclusive, sem recursos. Porque, para nós, os
recursos só começaram a aparecer depois de muitos anos trabalhando, muitas
vezes, colocando dinheiro do bolso.
PESQUISA FORA DOS GRANDES CENTROS
A pesquisa
ecológica, no Brasil, está muito concentrada nas regiões Sul e Sudeste,
inclusive, os programas de pós-graduação na área de Biodiversidade. Há municípios
muito próximos, às vezes distantes pouco mais de 50 km, com cursos da área de
Ecologia. Na Amazônia e no Centro-Oeste, a proporção de cursos nessa área é
mínima, é muito pequena pelo tamanho do território que esta grande região
ocupa.
Se a gente olhar bem, a biodiversidade remanescente no Brasil, e que ainda
precisa ser bastante estudada, está concentrada exatamente no Norte e no
Centro-Oeste. São justamente as regiões que têm menos programas de
pós-graduação. Então, nós estamos com a faca, o queijo e tudo na mão. Vamos ter
que superar algumas dificuldades, mas chegaremos lá, com certeza.
UNIVERSIDADE PRESENTE NOS TRÊS BIOMAS
Eu tenho certeza de que o futuro da Unemat será grandioso, especialmente porque ela está neste estado maravilhoso, que é o único do Brasil que tem os três biomas representados. Existem câmpus da Unemat espalhados por todo o estado. Não tem como a gente não se tornar uma referência nacional e internacional em pesquisa científica e produção de conhecimento de qualidade.
Se conseguirmos recursos para melhorar um pouco a estrutura interna da
instituição, se fizermos desabrochar essa paixão dos nossos incríveis professores
e se reforçarmos o espírito de trabalho em equipe buscando um crescimento
coletivo, com certeza, em 10 anos ninguém conseguirá segurar a Unemat!
SAIBA MAIS
A professora Beatriz Schwantes Marimon possui graduação em Engenharia Florestal pela Universidade Federal de Mato Grosso (1987), mestrado em Botânica (1997), doutorado em Ecologia pela Universidade de Brasília (2005) e pós-doutorado pela University of Leeds, Inglaterra (2012-2013). Docente concursada na Universidade do Estado de Mato Grosso (Unemat), de Nova Xavantina (NX), em 2020 passou a atuar como professora sênior.
É docente permanente dos programas de pós-graduação em Ecologia e Conservação (Unemat-NX), Ciências Ambientais (UNEMAT-Cáceres) e Biodiversidade e Biotecnologia (Rede Bionorte). Desde 2005, coordena o Laboratório de Ecologia Vegetal da Unemat, em Nova Xavantina. Participa das redes Rainfor (University of Leeds) e Global Ecosystems Monitoring (University of Oxford) e coordenou, entre 2010 e 2020, o projeto Transição Cerrado-Amazônia: bases ecológicas e socioambientais para a conservação (PELD-CNPq).
O Research.com é uma plataforma acadêmica para cientistas de todo o mundo. Os pesquisadores são avaliados por área, gerando o índice H por cientista dentro da sua área específica. A posição no ranking Research.com é baseada em dados bibliométricos, que incluem número de artigos e dados de citações de determinada disciplina analisada, prêmios e realizações dos cientistas, o índice H (H-index).
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